quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Acender um sonho!

No dia cinco de dezembro quatro turmas do primeiro Ciclo do Centro Escolar Poeta Ruy Belo brincaram com fósforos na Biblioteca  ...

Acalmem-se os nossos leitores, pois os fósforos que estiveram nas mãos dos nossos alunos não continham pólvora mas o poder extraordinário de deixar atrás de si uma esteira de poeira luminosa apenas visível no coração imaculado das crianças e apenas nesta época mágica do ano.

Com o objectivo explícito de levar os alunos a experimentar um espetro vasto de emoções e sentimentos como a comoção e a empatia e despertá-los para problemáticas de grande acuidade social tais como a pobreza, a desestruturação no seio familiar ou a exclusão social, foi levada a cabo a primeira ação de promoção de leitura e do livro intitulada: “Natal na Biblioteca”.
 
A obra escolhida foi a muito comovente história de "A menina dos fósforos" de Hans Christian Andersen, tendo a mesma servido de ponte para uma reflexão conjunta do que podemos fazer, enquanto cidadãos, para evitar a pobreza, a indiferença pelo sofrimento do outro e combater outras chagas sociais.
 
No final da narração os alunos foram convidados a riscar um fósforo e a acender um sonho  ou a visão de um mundo melhor. As visões que assombraram os nossos pequenos leitores foram no mínimo surpreendentes. Enquanto muitos se viam a enfeitar uma lindíssima árvore de Natal na companhia de familiares, outros vislumbraram cenas mais inusitadas. Houve alunos que, de olhos fechados e fósforo encostado à cabeça, conseguiram ouvir o clamor da multidão a chamar por eles enquanto marcavam golo no maior estádio do mundo. Um outro aluno sentia-se voar por cima de um campo de flores infinito onde estavam muitas crianças a rir.

Num mundo que a par da perda progressiva dos bens materiais assiste a um declínio de valores morais, e onde se torna cada vez mais difícil sonhar, contamos com as crianças para ensinarem aos mais velhos que nós não somos o que possuímos, apenas possuimos o que somos!
Independentemente das nossas origens, dos bens que acumulámos, apenas valores imateriais nos podem definir enquanto pessoas.
 
Se tivermos de caminhar descalços sobre a neve, recordemos as riquezas das quais nada nem ninguém jamais nos poderão expoliar: a nobreza da alma, a honestidade dos sentimentos e, acima de tudo, a força do espírito!
 
Feliz Natal meninos e meninas! Nunca se esqueçam de sonhar, e se um dia mais tarde, quando já não acreditarem em fósforos mágicos, tiverem dificuldade em fazê-lo, releiam esta história com final trágico mas capaz de inundar com poesia o nosso imaginário.
 

 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Abertura Formal da Biblioteca da Bela

O Centro Escolar Poeta Ruy Belo, colocado ao serviço da Comunidade desde Setembro de 2012, em especial das freguesias da parte leste de Rio Maior, passou a dispor de uma Biblioteca Escolar que congrega os fundos documentais das escolas da região que entretanto fecharam, apresentando por conseguinte excelentes condições ao nível dos espaços e dos recursos disponíveis.
 
No âmbito da política de novos centros escolares, o equipamento foi instalado pela Câmara Municipal de Rio Maior em conjunto com a Rede de Bibliotecas Escolares. O seu acervo, que conta com mais de três mil monografias e um elevado número de outros documentos não-livro, resultou da recolha de fundo documental das escolas do meio rural já encerradas bem como de um incentivo monetário no valor de 3.500 euros resultante da candidatura deste novo equipamento social à Rede de Bibliotecas Escolares, o qual permitiu também a aquisição de cerca de quatrocentos novos títulos abrangendo todas as classes do conhecimento - de acordo com o documento de Política de Desenvolvimento da Coleção já adotado pelas Bibliotecas do Agrupamento Vertical Fernando Casimiro Pereira da Silva.


A sessão inaugural da Biblioteca Escolar do Centro Escolar Poeta Ruy Belo, em S. João da Ribeira, teve lugar no dia 3 de dezembro de 2012,e contou com a presença da Direção do Agrupamento, da Sra. Coordenadora Nacional da Rede de Bibliotecas Escolares do Ministério da Educação, Dr.ª Teresa Calçada, da Coordenadora Interconcelhia, Dr.ª Ana Cabral, da Vereadora da Educação, Dr.ª Sara Fragoso, dos Professores Bibliotecários do Agrupamento Vertical Fernando Casimiro Pereira da Silva, bem como de outros Professores e figuras locais.
 
A par da apresentação da BE à comunidade escolar, a sessão inaugural contemplou uma pequena peça de teatro de fantoches adaptada a partir de um conto de Ana Maria Magalhães e Teresa Calçada e encenada por alunos do 4.ºano, e ainda a realização de uma Feira do Livro Infantil.

 
Aquando desta cerimónia e em entrevista ao jornal Região de Rio Maior, a Dra. Teresa Calçada considerou que a Rede Nacional de Bibliotecas Escolares tem contribuído decisivamente para os graus de literacia: “Empiricamente, pela nossa prática e por aquilo que os olhos dão a ler, sim, verifica-se que nas escolas onde as crianças desde pequenas percebem que a par do recreio, da sala de aulas, do refeitório, há a Biblioteca, é natural que elas usem este espaço e se habituem a ele como um bem de primeira necessidade. É habitual irem ao computador em contexto de Biblioteca, levarem os livros, levarem-nos para casa, virem as famílias à Biblioteca, fazerem teatrinhos, e tudo isso torna natural uma prática que se pretende diária e quotidiana.”


Também segundo a mesma Coordenadora das Bibliotecas Escolares do Ministério da Educação, há estudos sobre as Bibliotecas Escolares que comprovam “os índices de utilização, a forma como a Biblioteca é usada e o seu papel na prática dos alunos, dos professores e das famílias na escola. Juntamente com o Plano Nacional de Leitura, pensamos que hoje se dá mais valor social aos livros e à leitura como um bem transversal próprio e absolutamente necessário na época em que vivemos, pelo que a Biblioteca está na ordem do dia por isso mesmo.”
 
 
A Dr.ª Tersa Calçada, convidada de honra desta informal cerimónia e dona de uma personalidade vibrante, trouxe livros e brindes para os novos utilizadores da Biblioteca da Bela, posou com a Bela, a mascote da Biblioteca assim batizada em homenagem ao poeta Ruy Belo, conversou e brincou com as crianças, relembrou-as da importância de serem agradecidas, nomeadamente aos membros da Equipa da Biblioteca que tornam possível a existência de um lugar onde todos os sonhos são possíveis, e admitiu que numa altura de crise como aquela em que vivemos, inaugurar uma Biblioteca é sempre um motivo de alegria e uma mais-valia para a época conturbada que vivemos: “ É sem dúvida anti-crise, pois além do mais, se há altura em que nós precisamos de ter bens que sejam permutáveis, que se emprestem, que não custem dinheiro, que gerem solidariedade, é esta. Então, a Biblioteca é por definição isso mesmo.”
 

Em suma, o programa da Rede de Bibliotecas Escolares, coordenado pela Drª Teresa Calçada, teve na última década um impacto muito positivo na melhoria das condições de trabalho e do desenvolvimento e atualização das coleções das nossas Bibliotecas. Deste investimento resultou a criação de condições ideais para que todos os Professores e Educadores possam contribuir para o desenvolvimento nos nossos alunos de um conjunto de competências ao nível das literacias essenciais para a melhoria das aprendizagens e, consequentemente, para o sucesso escolar e educativo, que incluem não só as competências básicas de leitura como também competências digitais ao nível da pesquisa, tratamento e utilização da informaçã.
 
Deste modo, e considerando que a Biblioteca Escolar promove os hábitos de leitura, proporciona o acesso gratuito à informação, ao conhecimento e ao lazer, é um polo dinamizador de animação cultural e lúdica, é um espaço de livre acesso e privilegiado para a promoção de estratégias e atividades de apoio ao currículo, continuamos a apelar à mobilização de todos os colegas para fazerem uso das potencialidades dos recursos pedagógicos disponíveis nas três Bibliotecas Escolares do Agrupamento, sabendo que o desenvolvimento das literacias é uma responsabilidade da escola e também de todos os Professores.
 
Relembramos por fim que os Professores Bibliotecários, para além da gestão e promoção dos recursos disponíveis, estão disponíveis para dar todo o apoio na concretização dos grandes objetivos a que nos obrigamos: apoiar o currículo, promover o livro e fazer bons leitores.
 
Sandra Pratas e Sousa
Professora Bibliotecária

Discurso do Ex.mo Sr. Diretor Dr. Vicente Dias

domingo, 2 de dezembro de 2012

1.ª Feira do Livro Infantil

Como objetivo de promover o livro e a leitura, decorrreu de 3 a 7 de dezembro na Biblioteca do Centro Escolar Poeta Ruy Belo a primeira Feira do Livro Ifantil.

Deem uma espreitadela!



sábado, 1 de dezembro de 2012

Mensagem da Dr.ª Teresa Calçada

"Porque a biblioteca…
faz leitores críticos e autónomos, estimula a curiosidade, a imaginação e a partilha ...
ela é o lugar mais fantástico do mundo!

Acredito que a biblioteca escolar desempenha uma função indispensável na aprendizagem, nas atividades desenvolvidas nas várias disciplinas, nos projetos de natureza interdisciplinar ou transdisciplinar e ainda na ocupação dos tempos livres.


A todos os que trabalham, colaboram e usam as bibliotecas escolares desejo um bom ano letivo 2011.12.

Teresa Calçada"


Coordenadora Nacional da Rede Bibliotecas Escolares
 
 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Quem foi Ruy Belo?

Poeta e ensaísta português, natural de São João da Ribeira, Rio Maior. Licenciado em Filologia Românica e em Direito pela Universidade de Lisboa, obteve o grau de doutor em Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma, com uma tese intitulada «Ficção Literária e Censura Eclesiástica». Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de director-adjunto no então ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitural de Unidade Democrática, levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas. Ocupou, ainda, um lugar de leitor de Português na Universidade de Madrid (1971-1977). Regressado, então, a Portugal, foi-lhe recusada a possibilidade de leccionar na Faculdade de Letras de Lisboa, dando aulas na Escola Técnica do Cacém, no ensino nocturno. Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'iago da Espada.
Tendo sido, na sua passagem pela imprensa, director literário da Editorial Aster e chefe de redacção da revista Rumo, os seus primeiros livros de poesia foram Aquele Grande Rio Eufrates (1961) e O Problema da Habitação (1962). Às colectâneas de ensaios Poesia Nova (1961) e Na Senda da Poesia (1969), seguiram-se obras cuja temática se prende ao religioso e ao metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso de Boca Bilingue (1966), Homem de Palavras(s) (1969), País Possível (1973, antologia), Transporte no Tempo (1973), A Margem da Alegria (1974), Toda a Terra (1976) e Despeço-me da Terra da Alegria (1977). O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um domínio das técnicas poéticas tradicionais. A sua obra, organizada em três volumes sob o título Obra Poética de Ruy Belo, em 1981, foi, entretanto, alvo de revisitação crítica, sendo considerada uma das obras cimeiras, apesar da brevidade da vida do poeta, da poesia portuguesa contemporânea.
Apesar do curto período de actividade literária, Ruy Belo tornou-se um dos maiores poetas portugueses da segunda metade deste século, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes. Destacou-se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint-Exupéry, Montesquieu, Jorge Luís Borges e Federico García Lorca. Em 2001, publica-se Todos os Poemas.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Poemas de Ruy Belo

Cadernos de Poesia - O HOMEM DOS SONHOS

Que nome dar ao poeta
esse ser dos espantos medonhos?
um só encontro próprio e justo:
o de José o homem dos sonhos

Eu canto os pássaros e as árvores
Mas uns e outros nos versos ponho-os
Quem é que canta sem condição?
É José o homem dos sonhos

Deus põe e o homem dispõe
E aquele que ao longo da vereda vem
homem sem pai e sem mãe
homem a quem a própria dor não dói
bíblico no nome e a comer medronhos
só pode ser José o homem dos sonhos



Mas que sei eu


Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?

Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono

Nenhum súbito súbdito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha

qualquer. Mas eu que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha



Nomeei-te no meio dos meus sonhos


Nomeei-te no meio dos meus sonhos
chamei por ti na minha solidão
troquei o céu azul pelos teus olhos
e o meu sólido chão pelo teu amor

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Mês das Bibliotecas

Segundo os princípios estabelecidos pela International Association of School Librarianship - IASL, o "Mês Internacional da Biblioteca Escolar permitirá aos responsáveis pelas bibliotecas escolares, em todo o mundo, escolher um dia, em outubro, que melhor se adeque à sua situação de forma a celebrar a importância das bibliotecas escolares... ". Para celebrar esta data, a IASL propôs, como habitualmente, um tema aglutinador: Bibliotecas escolares: uma chave para o passado, presente e futuro.
 
 
Uma chave para o passado, porque sem memória e transmissão do conhecimento seria impossível receber a herança e património de saberes, que hoje nos identifica a todos; uma chave para o presente, porque só através do domínio da informação e gestão do conhecimento, que configuram a nossa era, podemos dar continuidade a esse legado, enriquecê-lo e projetá-lo no tempo; uma chave para o futuro, porque este dependerá sempre da ação, expectativas e capacidade de gerir as mudanças com que o desejamos tecer.
As bibliotecas são uma das criações humanas que melhor cumprem este desígnio, de perpetuar, gerar e promover o conhecimento, no sentido de uma sociedade mais culta e instruída. A importância particular das bibliotecas no campo educativo faz delas uma das chaves maiores deste desígnio.
Deste modo, e a propósito das comemorações do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares, os alunos do novo Centro Escolar Poeta Ruy Belo assistiram no dia 25 de outubro de 2012 à palestra " Passado, Presente e Futuro das Bibliotecas" onde se ilustraram as principais etapas da história das bibliotecas e divulgaram os serviços disponibilizados pela Biblioteca Escolar.
 
Os alunos do 3.º e 4.º anos convidados a participar nesta sessão visionaram ainda o filme de animação “A Menina que odiava livros” baseado na obra de Manjusha Pawagi, após o qual se debateu a mensagem veiculada pelo filme.